Em 2026 Mato Grosso do Sul vai eleger os próximos ocupantes de duas vagas no Senado da República. Com os arranjos na composição do quadro partidário e nas regras da legislação, mudanças significativas vão alterar as influências de partidos e lideranças, impactando a balança dos processos políticos e eleitorais, o que, inicialmente, produz efeitos como a quebra de favoritismos antecipados e a desmotivação de quem apostava em cenários mais favoráveis para si.
Inicialmente, três pré-candidaturas ocupam o tabuleiro: o senador Nelsinho Trad (PSD), que tentará a reeleição; o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), animado com os dados das pésquisas; e o deputado federal Vander Loubet (PT), impulsionado pelo apoio do presidente Lula e o apoio maciço que está a receber do chamado campo democrático. O trio reúne condições diferenciadas para o embate pelas pontuações de cima no ranking das intenções de voto.
A relação, porém, é bem maior, e inclui nomes expressivos, entre os quais os do ex-deputado estadual CapitãoRenan Contar (PRTB), do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gerson Claro (PP), e do deputado federal Marcos Pollon. Até a vice-prefeita de Dourados, Giani Nogueira (PL), entrou em cena como um balão embalado pelo sopro do ex-presidente Jair Bolsonaro. Porém, não decola, pois dentro da própria base partidária seu nome não tem consenso.
O dilema das forças de direita (incluam-se a extrema direita e os bolsonaristas) é a falta de uniformidade ou de unidade para concentrar o apoio em uma candidatura. E esta já tem lugar reservado e cativo, é a de Reinaldo Azambuja, que ofusca as demais opções direitistas, inclusive Nelsinho Trad. Ocorre que algumas correntes desse campo ideológico também não engolem a candidatura de Azambuja.
O bolsonarismo, por exemplo, vê o ex-governador como um paraquedista, porque mesmo sendo opositor de Lula e do PT não se apresentou na primeira hora às fileiras do ex-presidente para lançar e fazer governador seu correligionário tucano, Eduardo Riedel, derrotando o candidato Capitão Contar, que tinha o apoio de Bolsonaro. Ainda que na nova formação partidária ingresse no PL, Azambuja sempre terá sobre si o olhar de liberais ressentidos com sua atuação decisiva para impedir que um bolsonarista raiz assumisse o governo.
OS SOPROS DO VENTO
Para Nelsinho Trad não bastam o que resta do patrimônio eleitoral existente em 2018, quando ainda surfava nos votos amealhados pelo prestígio de ex-prefeito de duas gestões e usufruía de um espaço político concedido no governo pela generosidade de Azambuja. O vento agora já sopra com outras direções e até mesmo a perspectiva de transformar-se no "segundo voto" da direita começou a diluir, também por causa das rejeições bolsonaristas e do PP da senadora Tereza Cristina e da prefeita Adriane Lopes, que preferem outra alternativas no páreo senatorial.
As reconfigurações partidárias empurram Azambuja e Riedel para o bolsonarismo. Com o esvaziamento institucional e orgânico do PSDB, um vai para o PL e outro para o PP. Na mistura, entram outras siglas, como o Podemos e o Republicanos, tudo contribuindo para garantir a recomposição da direita e torná-la capaz de fazer em 2026 o que não foi feito por Bolsonaro em 2022: derrotar Lula e com ele a esquerda.
Assim, nos estados o legado real e persistente do bolsonarismo vai alimentar as novas organizações partidárias, exigindo de seus atores um maior e mais radical comprometimento com as bandeiras conservadoras; É um meio de inviabilizar eventuais acordos infraideológicos, como o que foi feito em Mato Grosso do Sul, em 2022: no segundo turno, para afastar a ameaça de uma vitória bolsonarista com o Capitão Contar, o PT ajustou seu apoio ao PSDB, pedindo votos para o tucano Riedel em troca de espaços que ocupa até hoje no governo.
GANHANDO FÔLEGO
Com esta nova realidade, a pré-candidatura de Vander Loubet ao Senado ganhou fôlego e está redimensionada por fatores determinantes, principalmente a unidade do bloco progressista em torno do seu nome. a quebra na soma de forças de direita em virtude da insistência bolsonarista em não abrir de uma candidatura do PL ou do PP e o apoio do presidente Lula. Esta última condição, olhada com desdém pelos rivais e por quem aposta na perpetuação das pesquisas de intenção de voto, deve constituir o fator surpresa em 2026.
Enquanto os institutos divulgam pesquisas nacionais com elevadas taxas de rejeição a Lula e ao seu governo, e resultados semelhantes nas intenções de votos para as pré-candidaturas de seu campo, os números da economia brasileira trazem avanços ainda não assimilados pela opinião pública, embora bastante expressivos. Não é só a queda do desemprego, mas um conjunto de iniciativas e resultados vitoriosos deve alavancar a recuperação e um novo salto positivo na avaliação do governo, o que, seguramente, se refletirã no desempenho das soluções eleitorais do PT.
Por enquanto, a comemoração mais efetiva ainda é da esquerda. Contudo, os indicadores retratam a força renovada da economia nacional. Além da abertura e ampliação de mercados com ampla receptividade, o País se credencia entre as principais economias mundiais. O Fundo Monetário Internacional elevou sua projeção de crescimento brasileiro 2025 a 2,3%. A revisão veio após o IBGE informar que o Produto Iterno Bruto (PIB) expandiu 1,4% no primeiro trimestre, comparado com os três meses imediatamente anteriores.
Como se constata, o desempenho do PIB é melhor que o dos EUA. Outro indicador poderoso da realidade é o setor automotivoo, que teve alta de 8,6% nas vendas em maio. O mercado brasileiro fechou o mês com 213.479 emplacamentos, uma alta de 8,6% das vendas do setor em relação a abril (196.626 unidades) e um crescimento de 16,6% sobre maio de 2024 (182.997 unidades). Os dados foram divulgados pela consultoria Bright, especializada no segmento.
Dessa maneira, os saldos positivos da economia em todo o País e notadamente em Mato Grosso do Sul, que tem um dos melhores índices nacionais de geração de empregos, acabam contemplando as posições e os discursos do PT e dos apoiadores do governo federal. Exatamente por causa desta leitura é que o ex-presidente Jair Bolsonaro e as lideranças de direita aram a tratar como prioridade máxima a eleição de senadores e deputados para garantir maioria no Congresso Nacional.